
Nosso comparativo foi fundo. Passamos um dia inteiro no autódromo do ECPA, em Piracicaba (SP); andamos também por ruas e estradas, com e sem garupa, freamos, deitamos, raspamos joelho, pedaleira e até escapamento no chão. Só não fizemos crash-test. Nas voltas rápidas com as três motos, confesso que quase fui ao chão com a Kawasaki. E a partir dai começaram as primeiras conclusões. E conclusões inéditas, até para os especialistas que participaram deste teste (me ajudaram os pilotos Francis Vieira e Leandro Mello). A Kawasaki Ninja 250 não é tão esportiva quanto suas linhas sugerem. Em segundo lugar, a Honda CB 300R não é tão mais rápida que a antiga Twister 250 e, por último, a Fazer 250 se mostrou mais fácil de pilotar que qualquer outra rival. Justiça seja feita, até mesmo porque olhando estes modelos a Fazer já acena desvantagem. A Yamaha se limitou às mudanças exigidas pelo programa de redução de emissões, usando catalizador e sonda lambda no escapamento, além da reprogramação do sistema de injeção. Para resumir, em uso a nova Fazer está quase igual às produzidas até 2008.
Já o problema na Ninja é custar R$ 18.880, quase o equivalente a duas Fazer 250 (R$ 10.950). E cá entre nós, ela não é duas vezes mais esportiva que o modelo da Yamaha, a menos que o critério seja visual. A Honda tem valor sugerido de R$ 11.490 em média é vendida por R$ 12.500. Para comprovar essa questão de esportividade avaliamos as três concorrentes, monitoradas com cronômetro e GPS, em voltas rápidas. Nesta volta rápida, simulamos o que você poderia fazer, por exemplo, numa estrada sinuosa de serra, naqueles dias em que está atrasado para uma entrevista de emprego.
Veja que surpresa. Com 12 cv a mais que a Fazer e quase 7 cv a mais que a Honda (com motor 300cc), a carenada e esportiva Ninjinha não foi tão mais rápida como imaginamos. Leandro Mello fez a volta mais rápida com a verdíssima Kawa em 39,5 segundos, contra 39,7 segundos da CB 300R e, logo atrás, 40,3 segundos da Fazer 250. Entre a primeira colocada, a Kawasaki 250, e a última, a Fazer 250, se passaram apenas 8 décimos de segundo, tempo inferior ao que você levou para ler esta frase. Certo que o autódromo do ECPA é bem travado, com curvas de baixa velocidade seguidas de pequenas retas, mas o fato da CB é da própria Fazer estarem tão perto da Kawasaki sugere o seguinte: no anda-e-pára dos grandes centros, entre retomadas e freadas, aplausos à ciclística acertada das nacionais CB e Fazer.
O segredo da Ninja
Esqueça aquela história de que motor em V é bom para se obter torque, em linha é melhor para potência e assim por diante. Na verdade, a potência gerada por um motor corresponde à quantidade de energia produzida em um intervalo de tempo. É por isso que os engenheiros buscam cada vez mais rotações em seus propulsores. Na MotoGP, algumas unidades já chegam a 19.000 rotações por minuto. Girando mais, consegue-se produzir mais energia. A 19.000 giros, um motor de 4 tempos produz 158 ciclos de energia por segundo. Este mesmo propulsor funcionando a 1.000 giros, por exemplo, gera somente 8,3 ciclos energéticos por segundo. Percebeu a pequena (grande) diferença?Em teoria, um motor “girador” é mais potente que outro similar que gira menos. Dizem os especialistas que o motor não gera potência, e sim torque. É quase verdade, porque o número de potência é uma resultante entre a rotação versus o torque, mas isso é assunto para outra reportagem.
O fato é que a Kawasaki se aproveitou dessa lei para gerar mais potência. Ela simplesmente aumentou a potência gerando mais rotações. Parece simples, mas não. Para tanto, tem dois cilindros, cada um com quatro válvulas (duas de admissão e duas de escapamento) e conta com uma capacidade de aspiração de ar bem maior. Tudo isso é fruto de um trabalho focado, não adianta “estourar” as rotações segurando o acelerador que a potência não aparecerá do nada.

É certo que não existe nada no Brasil que consiga trazer o patamar das superesportivas para, digamos, algo palpável. Palpável, na verdade, para quem está disposto a investir quase R$ 19 mil na compra de uma motocicleta de 250 cc. A Kawasaki, fora todos seus adjetivos estéticos e dinâmicos, é a única das três capaz de suportar velocidade até 160 km/h reais (CB e Fazer estacionam a 132 km/h). E nada de garupa, que não conta sequer com apoios para as mãos. Neste aspecto, aliás, aplausos para a Fazer, cujo formato do banco é mais confortável para o garupa. A Kawasaki Ninja 250, com seu motor de 33 cv, é sinônimo de potência e status, enquanto a Honda CB 300R é puro design. A Fazer, por sua vez, prioriza a utilidade. Faz quase tudo o que as outras permitem mas custa menos.

Números do teste no ECPA
NINJA 250 | CB 300R | FAZER 250 | |
Peso: | 152 kg | 143 kg | 137 kg |
Potência: | 33 cc | 26,5 cv | 20,7 cv |
0 a 100 km/h: | 10,1 s | 10,8 s | 12,5 s |
Máx. na reta: | 120 km/h | 114 km/h | 110 km/h |
Retomada 40-60 km/h: | 6,2 s | 4,7 s | 5,0 s |
Retomada 60-80 km/h: | 6,6 s | 4,5 s | 5,25 s |
Retomada 40-80 km/h: | 12,8 | 9,2 s | 10,2 s |
Curva 1: | 78 km/h | 81 km/h | 81 km/h |
Curva 2: | 97 km/h | 100 km/h | 97 km/h |
Curva 3: | 105 km/h | 101 km/h | 99 km/h |
Curva 4: | 69 km/h | 66 km/h | 61 km/h |
Frenagem 40 km/h: | 5,9 metros | 6,1 metros | 6,8 metros |
Frenagem 60 km/h: | 10,5 metros | 11,4 metros | 11,5 metros |
Frenagem 80 km/h: | 18,5 metros | 2o,1 metros | 19,8 metros |

FICHA TÉCNICA KAWASAKI NINJA 250R
MOTOR249cc, dois cilindros paralelos, quatro válvulas por cilindro, duplo comando no cabeçote (DOHC) e refrigeração líquida Diâmetro x curso: 62 mm x 41,2 mm Taxa de compressão: 11,6: 1 Potência: 33 cv a 11.000 rpm Torque: 2,24 kgf.m a 8.200 rpm Alimentação: carburadores Câmbio: seis marchas
CICLÍSTICA
Quadro: aço Suspensões: garfo telescópico na dianteira e monoamortecida a gás com cinco regulagens de pré-carga na traseira Pneus: 110/70-17 na dianteira e 130/70-17 na traseira
FREIOS
Dianteira: disco de 290 mm e pinça de dois pistões
Traseira: disco de 220 mm e pinça de dois pistões
DIMENSÕES / PESO
Comprimento: 2.085 mm Largura: 715 mm Altura do banco: 790 mm Altura total: 1.115 mm Altura livre do solo: 135 mm Entre-eixos: 1.400 mm Peso: 152 kg (a seco) Tanque de combustível: 17 litros
ONDE ENCOTRAR
www.kawasakibrasil.com.br
Preço médio: R$ 15.550 (preço nacionalizado)
FICHA TÉCNICA HONDA CB 300R
MOTOR291,6cc, um cilindro, quatro válvulas, duplo comando no cabeçote (DOHC) e refrigeração a ar Diâmetro x curso: 79 mm x 59,5 mm Taxa de compressão: 9,0: 1 Potência: 26,53 cv a 7.500 rpm Torque: 2,81 kgf.m a 6.000 rpm Alimentação: injeção eletrônica Câmbio: cinco marchas
CICLÍSTICA
Quadro: berço semiduplo Suspensões: garfo telescópico com 130 mm de curso na dianteira e monoamortecida com 105 mm de curso na traseira Pneus: 110/70-17 na dianteira e 140/70-17 na traseira
FREIOS
Dianteira: disco de 276 mm e pinça de dois pistões
Traseira: tambor de 130 mm
DIMENSÕES / PESO
Comprimento: 2.085 mm Largura: 745 mm Altura do banco: 781 mm Altura total: 1.040 mm Altura livre do solo: n.d Entre-eixos: 1.402 mm Peso: 143 kg (a seco) Tanque de combustível: 18 litros
ONDE ENCOTRAR
www.honda.com.br
Preço médio: R$ 12.500
FICHA TÉCNICA YAMAHA FAZER 250
MOTOR249cc, um cilindro, duas válvulas, comando simples no cabeçote (OHC) e refrigeração a ar e óleo Diâmetro x curso: 74 mm x 58 mm Taxa de compressão: 9,8: 1 Potência: 20,7 cv a 7.500 rpm Torque: 2,1 kgf.m a 6.500 rpm Alimentação: injeção eletrônica denso Câmbio: cinco marchas
CICLÍSTICA
Quadro: berço duplo Suspensões: garfo telescópico com 120 mm de curso na dianteira e monoamortecida com cinco regulagens na traseira e 120 mm de curso Pneus: 110/80-17 na dianteira e 130/70-17 na traseira
FREIOS
Dianteira: disco de 282 mm e pinça de dois pistões
Traseira: tambor de 130 mm
DIMENSÕES / PESO
Comprimento: 2.025 mm Largura: 745 mm Altura do banco: 805 mm Altura total: 1.060 mm Altura livre do solo: n.d Entre-eixos: 1.360 mm Peso: 137 kg (a seco) Tanque de combustível: 19,2 litros
ONDE ENCOTRAR
www.yamaha-motor.com.br
Preço médio: R$ 10.950
Fonte:
Revista Duas Rodas
http://motosbrasil.net/2009/08/14/comparativo-cb-300r-x-fazer-250-x-ninja-250-na-pista/
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