Motor
6 cilindros contrapostos / OHC / 1 832 cc / refrigeração a líquido
Alimentação: injeção eletrônica PGM-FI
Ignição: eletrônica digital CDI
Partida: elétrica
Diâmetro x curso (mm): 74 x71
Taxa de compressão: n/d
Potência (cv a rpm): 118 a 5 500
Torque (mkgf a rpm): 17 a 4 000
Câmbio
6 marchas com transmissão final por eixo cardã
Chassi
Quadro: dupla viga de alumínio forjado com motor integrado à estrutura
Suspensão
Dianteira: telescópica convencional com 140 mm de curso
Traseira: monobraço articulado com monoamortecedor e 105 mm de curso
Freios
Dianteiro: 2 discos de 296 mm de diâmetro e pinças de 3 pistões com D-CBS e ABS
Traseiro: disco simples com 316 mm de diâmetro e pinça de pistão triplo com D-CBS e ABS
Pneus
Dianteiro: 130/70-18
Traseiro: 180/60-16
Dimensões
Comprimento (cm) 262,9
Altura/largura (cm) 145,5/94,5
Entre-eixos (cm) 169
Peso (kg) 387 (a seco)
Vão-livre (cm) 12,5
Altura do assento (cm) 74
Tanque (l) 25,5
Desempenho
0-100 km/h (s) 4,4
0-200 km/h (s) n/d
De40a70km/hem3a(s) 2,5
De60a90km/hem4a(s) 3,7
De80a110km/hem5a(s) 4,1
De100a130km/hem6a(s) 4,6
Máxima na pista de testes (km/h) + de 200
Velocidade real a 100 km/h (km/h) 95,0
Consumo esportivo (km/l) 13,8
Consumo econômico (km/l) 21,3
Foto: Marco de Bari Honda GL 1800 Gold Wing
Obviamente, a GL 1800 não é indicada para ser a única moto da garagem de um motociclista incurável, por ser grande e pesada demais, mas ela é absolutamente sensacional para pegar a estrada e ir longe. Quanto mais longe, melhor. É também a moto mais segura que existe: pode não ser a maior, a mais confortável (o que talvez seja) nem a touring mais empolgante, mas não tem para ninguém em termos de segurança. Além de bons sistemas ciclísticos e de freios, tem até airbag, que se infla à frente do piloto em caso de colisão frontal e impede que ele se projete adiante, mesmo se estiver caindo.
Em termos de preço, o segmento das grandes touring é o Himalaia do mundo motociclístico. A BMW K 1600 GTL é o Everest, custa 108 500 reais, segundo a tabela Fipe. Pela mesma fonte, a Harley-Davidson Ultra Limited custa quase 73000 reais (sua versão CVO, que testamos na edição passada, custa 104933 reais) e a Kawasaki Concours 14 sai por cerca de 77000 reais. Para escalar uma Gold Wing, como já disse, é preciso desembolsar algo acima de 92 000 reais (não se esqueça do óleo...). Não é, naturalmente, uma moto de volume: a Honda espera vender neste ano apenas 80 unidades desta versão.
As principais mudanças do modelo atual são cosméticas: um face-lift, em regra, com aquela troca básica de elementos ópticos, faróis e lanternas traseiras superiores (do bauleto) e redesenho do conjunto de luzes inferior traseiro, dos alforjes laterais e das aletas de refrigeração na carenagem lateral. Agora a GL só é vendida em preto e em branco, sempre com a tomada de ar lateral da cor prata-claro. Ficou mais bonita, sim, e mais moderna.
Outras mudanças dizem respeito à velocidade com que os avanços eletrônicos abrem brechas na atualidade dos modelos mais cheios de gadgets.
A Gold Wing ganhou a possibilidade de reproduzir tocadores de MP3 e celulares, além de acoplar dispositivos USB, como os pendrives. O som é fenomenal. Se você acha que simplesmente andar com ela já chama demasiada atenção, não faz ideia do que é atravessar uma bucólica cidade do interior com os alto-falantes a pleno. São 80 watts por canal, algo ensurdecedor. (Só pedimos encarecidamente que, por favor, não faça isso - é de extremo mau gosto...)
Normal é a tentação de, em um teste como este, ficar descrevendo todos os detalhes de conforto e a luxuriante profusão de acessórios da moto. Afinal, ela é pródiga em detalhes e tem tudo. A começar pelo piloto automático (cruise-control), que mantém a velocidade constante. Bacana, mas praticamente inútil no Brasil, pelas características do tráfego nas estradas - todo mundo fecha, todo mundo "costura". Também possui marcha a ré elétrica (motor de arranque invertido), suspensão multiajustável eletronicamente por botão no punho e com duas posições pré-programáveis de memória, completo computador de bordo e uma quantidade infindável de botões, um pouquinho exagerada e até desnecessária.
Entretanto, o mais importante é que em movimento a moto é impecável. Na estrada, fique bem entendido, porque na cidade não dá, especialmente se houver trânsito. Transpira segurança. Ela só é perigosa parada, ainda mais se o piso for um pouco inclinado e se, para cúmulo do azar, houver areia ou óleo sob a sola das botas. Afinal, são 387 kg a seco, quase meia tonelada com carga total. Conselho de amigo: não use, jamais, calçado com sola de couro.
Sob o aspecto ciclístico, a moto tem um chassi de dupla viga de alumínio forjado, com o motor fazendo parte da estrutura. O conjunto é surpreendentemente rígido, sem torções nem mesmo quando levado seriamente ao limite.
As suspensões também são eletronicamente assistidas, não só pelas regulagens na traseira mas pelo sistema antimergulho na dianteira, sensacional e que muda bastante o comportamento de uma mastodôntica criatura como esta em frenagens fortes. A estabilidade é bem boa. Deitá-la na curva é muito mais fácil do que parece: ela se joga vorazmente, sem medo de procurar a inclinação. Aí a pedaleira raspa - não tem muito jeito de evitar.
Ainda nas suspensões, dá para notar que a Gold Wing sofre um pouco nas péssimas condições de piso e nas lombadas, obstáculos, costelas de vaca e buracos que fazem parte constante de nosso dia a dia. Nos Estados Unidos, mercado para o qual esta máquina foi planejada, não tem disso não. Ok, claro que tem, mas a quantidade não tem nem termos de comparação.
Os freios são também a última palavra, equipados com sistema Dual CBS e ABS. Isso significa que a distribuição da frenagem frente/traseira é controlada pela central eletrônica usando os mesmos sensores do ABS. Não é apenas hidráulico, como o C-ABS das Honda nacionais, e é um sistema muito mais complexo e eficiente do que aquele que equipa, por exemplo, a Hornet, a CB 1000R ou a XRE 300. São potentes o suficiente e seguram bem a onda, mesmo depois de superaquecidos em uma descida de serra.
O motor boxer é uma beleza. Realmente é uma bela peça de engenharia e apuro mecânico, precisão e equilíbrio. Tem dois radiadores laterais de refrigeração líquida, um sobre cada bancada de três cilindros. Produz 118 cv a 5 500 rpm e 17 mkgf de torque máximo a 4 000 rpm. O nível de vibrações é bem baixo. Elas são finas, quase imperceptíveis, mesmo após horas ao guidão. A "patada" do seis-cilindros de 1,8 litro, acredite, não é tão súbita nem impressionante, apesar dos números de torque e potência, mas ele cresce vorazmente rápido, cheio, macio e vigoroso - vou te contar, é uma delícia.
O eixo cardã no monobraço traseiro é quieto, robusto, requer pouca manutenção. Também já é uma marca registrada do modelo, que traz esse sistema de transmissão secundária desde os anos 70, quando ainda tinha quatro cilindros e nenhuma carenagem. O câmbio de seis marchas poderia ter 12... Eu estou brincando: como está é bem escalonado e muito preciso.
A Gold Wing é uma máquina mais que aprovada em todo o mundo, um dos grandes patamares mundiais de qualidade e sofisticação tecnológica. Superconfortável, permite viajar a 200 km/h sem medo, ouvindo um sonzinho, sentado no melhor - e mais seguro - banco de moto que você pode encontrar. Está bom ou quer mais?
TOCADA
Andando, é maravilhosa, confortável e veloz. Parada, é um problema: se o pé escorregar... Quero ver levantar depois.
★★★★★
DIA A DIA
Não cabe sequer cogitar a respeito. A menos que sua rotina diária seja a de viajar por estradas largas e longas.
-
ESTILO
Conservador, começa a ficar datado. O atual face-lift veio exatamente para tentar amenizar essa característica. Melhorou, modernizou, mas ainda é meio "tiozão".
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O seis-cilindros boxer é sensacional: preciso, exato, tem torque, potência, maciez e suavidade mecânica. O eixo cardã é bem reforçado e quieto.
★★★★★
SEGURANÇA
Se ela não tiver a nota máxima, a quem caberá o posto? Nenhuma outra moto no mundo é tão completa em itens de segurança.
★★★★★
MERCADO
É cara, mas tem público fiel, bom valor de revenda e não é difícil de negociar. Difícil é achar uma usada.
★★★★
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